quarta-feira, 29 de abril de 2009

FADO - Candidato a Património da Humanidade













Malhoa também quis homenagear e dar dignidade ao FADO.
Na época, os pintores contratavam modelos vivos para melhor poder expressar a sua arte, foi na Rua do Capelão que Malhoa contratou o Ambrósio Guitarrista e a Adelaide da Facada (tinha na face esquerda uma grande cicatriz e talvez por esse facto ela a encubra com a mão, virando a cara ao pintor). O Ambrósio Guitarrista fez a vida negra a Malhoa. Por ser desordeiro passava mais tempo no calaboiço do que em liberdade, facto este que fez atrasar, em muito, a conclusão do óleo. Recriando no seu atelier (Casa António Anastácio) um cenário natural, esta obra foi finalizada no ano de 1910. Nem sempre o quadro de Malhoa foi conhecido por "O Fado". Em 1912 esteve exposto em Paris com o nome "Sous le Charme", em Buenos Aires "Será Verdade" e em Liverpool "The Natice Song". Em 1917 foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa pelo valor de quatro mil escudos.
Foram muitos aqueles que se insurgiram em relação a esta aquisição alegando existirem pintores mais consagrados internacionalmente.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Re-Começar (?)

Nada como o dia 25 de Abril para começar de novo! Foi por acaso, mas calhou bem.De novo, com um novo ar, pois não é o meu estilo mais do mesmo... não se pode repetir o passado (bom ou mau) foi aquele momento,teve aquele sentido - já passou.

25 de Abril de 1974

Levantei-me cedo para ir para o colégio. Fui buscar uma amiga que me acompanhava, mas o avô disse-me para voltar para casa porque não havia escola.Não entendi... tinha acabado de sair de casa e achei que se voltasse com aquele argumento, ninguém me levaria a sério e acabaria por sofrer represálias, ou, melhor dizendo : reprosálias - o que era muito pior! Lá fui... direita à quinta de Aranguêz da qual hoje apenas recordo a enorme árvore que me preencheu os sonhos na infância, por parecer uma tartaruga gigante (com cabeça e patas) suspensa numa estaca.Desci pela Tebaida e vi uma coluna militar que descia a avenida do hospital. Não se via ninguém na rua e fazia um silêncio estranho. Tive medo... apressei os passos direita ao colégio.
Quando lá cheguei só estávamos três meninas. A Irmã Teresa e a irmã Maria(o colégio é católico), tiravam apressadamente as fotografias do Américo Tomás e do Marcelo Caetano, muito assustadas, choravam (continuava a não perceber...se lhes dava vontade de chorar, deixassem-nas lá ficar!Já lá estavam há muito tempo e nunca lhes tinha feito diferença). Contudo entendi claramente que não era um dia qualquer.
Pouco tempo passado à minha chegada, apareceu o meu irmão César numa euforia sem explicação (que dia estranho...) e levou-me para casa com explicações que só me confundiam cada vez mais.
As horas foram passando, a minha mãe não tirava os olhos da televisão para ver o que se passava em Lisboa. Recordo: muita gente, muita alegria, muitas lágrimas, muitos assuntos que desconhecia. Toda a gente falava com uma atitude colectiva que não era comum (pelo menos ali na vizinhança).Mas tive a certeza por fim: era MESMO um dia especial.
Tinha nove anos... tive pena de nãos ser mais velha. Também queria sentir aquilo que os invadia.
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